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Avaliação Relativa o que é? Damodaran explica

Se a Dell (DELL) está sendo negociada a 17 vezes o lucro por ação, a Apple (AAPL) tem índice P/L de 21 e a Microsoft (MSFT) está precificada a 11 vezes o lucro por ação, que ação oferece a melhor oportunidade? Será que a Dell está mais barata que a Apple? Será que a Microsoft é uma pechincha em comparação com a Apple e a Dell? Será que realmente estamos falando de empresas semelhantes? O QUE É UMA AVALIAÇÃO RELATIVA? A avaliação relativa consiste em comparar como os mercados precificam diferentes empresas, com a intenção de encontrar pechinchas. Na avaliação relativa, avaliamos um ativo com base em como ativos semelhantes são precificados no mercado. O pretenso comprador de uma casa decide o quanto oferecer por uma casa depois de examinar os preços pagos por imóveis semelhantes no mesmo bairro. Da mesma maneira, o pretenso investidor na oferta pública inicial (Inicial Public Offering – IPO) da GM, em 2010, poderia ter estimado o valor da ação com base nos preços de outras empresas automobilísticas. Na mesma linha, um potencial investidor em ação tenta estimar o seu valor examinando a precificação de mercado de ações similares.   Os três passos essenciais na avaliação relativa são: Encontrar ativos comparáveis que são precificados pelo mercado Ampliar os preços de mercado até uma variável comum, para gerar a preços padronizados que sejam comparáveis entre os diferentes ativos Ao comparar os valores padronizados, fazer ajustes para compensar as diferenças entre os ativos. Uma casa mais nova, com características mais recentes, deve ter preço superior ao de uma casa mais antiga, com tamanho semelhante, que precise de reforma. Da mesma maneira, uma empresa em crescimento acelerado deve ser negociada a preço superior ao de outra empresa do mesmo setor que apresente crescimento mais lento. A avaliação relativa pode ser feita com menos informações e mais rapidez que a avaliação intrínseca, além de ser mais tendente a refletir o temperamento do mercado no momento. Não admira que a maioria das avaliações seja relativa.   VALORES PADRONIZADOS E MÚTIPLOS A comparação de ativos que sejam exatamente semelhantes pode ser um desafio. Quando se comparam os preços de dois prédios de diferentes tamanhos, na mesma localidade, o prédio menor parecerá ser mais barato, a não ser que considere a diferença de tamanho, calculando o preço por metro quadrado. Quando se confrontam ações de diferentes empresas negociadas em bolsas de valores, o preço por ação de uma empresa é função tanto do valor do patrimônio liquido quanto do número de ações em circulação. Para comparar os preços de empresas “semelhantes” no mercado, o valor de mercado de ma empresa pode ser padronizado em relação ao lucro por ação, ao valor contábil, à geração de receita ou a um indicador especifico da empresa ou setor (número de clientes, quantidade de ações em circulação, etc.). Onipresença da Avaliação Relativa Apesar do foco na avaliação do fluxo de caixa descontado em salas de aula e na teoria, há três evidências de que os ativos são avaliados em bases relativas. De fato, consideramos o seguinte: A maioria dos relatórios de pesquisa de ações baseia-se em múltiplos: razões preço/lucro, razões valor da empresa/EBITDA e razões preço/vendas são apenas alguns exemplos. Em um estudo informal com 550 relatórios de pesquisa de ações em 2001, as avaliações relativas ultrapassaram as descontadas em uma proporção de 10 para 1. Embora muitas delas incluíssem as tabelas obrigatórias de fluxos de caixa, valores estimados e recomendações feitas analisando-se empresas comparáveis e utilizando-se múltiplos. Assim, quando analistas sustentam que uma ação está subestimada ou ao contrário, estão em geral fazendo ou julgando com base em uma avaliação relativa. As técnicas de fluxo de caixa são mais comuns em aquisições e finanças corporativas. Embora o empirismo causal sugira que quase toda aquisição é suportada por uma avaliação de fluxo de caixa descontado, o valor pago é freqüentemente determinado por um múltiplo. Na avaliação de aquisições, muitos modelos de fluxo de caixa descontados são, em essência, avaliações relativas disfarçadas, porque os valores terminais são calculados por múltiplos. A maioria das regras práticas dos investimentos baseia-se nos múltiplos. Por exemplo, muitos investimentos consideram baratas as empresas que negociam a menos do que o seu valor contábil, bem como as ações transacionadas a razões P/L menores que a taxa de crescimento esperado. Considerando-se que a avaliação relativa é tão dominante na prática, seria um erro descartá-la como uma ferramenta rústica. Como podemos, neste momento, definir que a avaliação relativa desempenha papel à parte e diferente da avaliação do fluxo de caixa descontado.   MOTIVOS DA POPULARIDADE E ARMADILHAS POTENCIAIS Por que o uso de avaliações relativas é tão difundido? Por que administradores e analistas relacionam-se melhor com um valor baseado em um múltiplo e em comparáveis do que com a avaliação de fluxo de caixa descontado? Na seqüência, vamos analisar alguns dos motivos da popularidade dos múltiplos O uso de múltiplos e comparáveis demanda menos tempo e recursos do que a avaliação de fluxo de caixa descontado. As avaliações de fluxos de caixa descontado requerem substancialmente mais informações do que a avaliação relativa. Para analistas que enfrentam restrições de tempo e limitação de acesso as informações, a avaliação relativa oferece uma alternativa mais rápida. Mais fácil de vender: Em muitos casos, analistas, principalmente, e vendedores utilizam as avaliações para vender a investidores e gestores carteiras. É muito mais fácil vender uma avaliação relativa do que outra de fluxo de caixa descontado. Afinal, as avaliações de fluxo de caixa descontado podem ser difíceis de explicar aos clientes, especialmente quando se trabalha com restrição de tempo – muitos argumentos de televendas são dirigidos a investidores que tem alguns minutos a dedicar. As avaliações relativas, por outro lado, adaptam-se perfeitamente a mensagens curtas de vendas. Usando terminologia política, é muito fácil discorrer sobre uma avaliação relativa do que sobre um fluxo de caixa descontado. È mais fácil defender: É comum analistas convocados a defender as premissas das suas avaliações perante superiores, colegas e clientes. As avaliações de fluxo