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Os principais mitos sobre investimentos na crise

A turbulência que o Brasil vem enfrentando na economia e na política estimula muitas especulações sobre o que pode acontecer com o País e os investimentos. A incerteza afeta o comportamento da população  e influencia as decisões de quem quer investir. Mas, apesar do cenário desfavorável e de muitas indefinições, parte do que se fala sobre investimentos no período de crise é “mito”.

 

Segundo Múcio Zacharias, professor de Economia da IBE-FGV e diretor do Economies Consultoria Empresarial, muitos dizem que abrir um novo negócio em plena crise é loucura. De acordo com ele, no entanto, quem investe em períodos de crise pode ter vantagens. “Quem investe na crise ganha vantagem de, pelo menos, dois anos. Poucos investem em épocas assim. Quem investe nessa fase que o Brasil está passando vai ter uma chance mais favorável daqui para a frente. O dólar alto favorece o mercado nacional (pois dificulta as importações, que se tornam mais caras). Com a barreira do câmbio (às importações), esse pode ser um dos melhores momentos para investir”, afirmou ele.
Uma das consequências da crise é a redução do consumo, pois as pessoas ficam mais cautelosas na hora de gastar. Mas, segundo o professor, o consumo menor acaba reforçando a crise. “Achar que ficar dentro de casa vai resolver a crise é um mito, isso só a prolongará. Achar que ela se solucionará sozinha é um mito. Ela só vai passar quando houver consumo, pois sem ele, a crise se intensifica”, disse ele.
Outro fator que não contribui para que a crise seja solucionada são as demissões. Nas ondas de cortes de vagas, muitos funcionários ótimos e com amplo conhecimento também acabam sendo demitidos. Substituí-los futuramente pode ser complicado. Segundo Múcio, as empresas podem ter custos maiores quando precisarem contratar novamente.
O medo de perder o emprego é apenas um entre os vários enfrentados pelos brasileiros em meio ao cenário de incertezas. Será que o Brasil pode dar calote? A poupança pode ser confiscada?
De acordo com Múcio, o Brasil corre, sim, risco de dar calote, principalmente se a crise se prolongar muito – mas este cenário ainda está longe e é improvável no curto prazo. “Em algum momento, o Brasil pode não conseguir pagar os títulos. Se a crise permanecer por mais dois anos, isso pode acontecer. Quem investe em título público deve aplicar naqueles de curto prazo. Com a diminuição da receita, pode haver calote, sim”, avalia ele.
Porém, segundo o professor, no caso de quem investe no Tesouro Direto, tomar atitudes desesperadas agora não é o ideal. “Quem já fez aplicações em títulos de prazo mais longo deve aguardar as definições no cenário político”, afirmou. Afinal, quem vender agora um papel com um vencimento mais longo pode acabar sofrendo com a volatilidade dos preços e sair perdendo.
Já os boatos sobre a poupança são um mito. De acordo com Múcio, independente do que acontecer na economia ou na política, a poupança não pode ser confiscada.
Os investimentos financeiros mais arriscados neste período de crise são os de renda variável, que tendem a ser procurados por investidores que já possuem alguma experiência e que têm um perfil mais agressivo em relação à tomada de riscos. “O Ibovespa (principal índice de ações da Bovespa) está bastante arriscado. Mas quem tiver estômago para encarar esses movimentos voláteis, pode ter lucro com valorizações (de preços de ações) espetaculares em um único dia. Por outro lado, qualquer notícia negativa pode fazer o valor da ação virar pó”, afirmou. Ou seja: investir agora em Bolsa é só para quem já tem experiência. O risco de perder todo o dinheiro está ainda maior no momento.
Segundo ele, todos aqueles que investem precisam ter um planejamento e reconhecer que podem ser afetados pelo desemprego, por exemplo. “Não se deve agir de forma precipitada. Com planejamento, há mais capacidade de reagir em época de crise”, disse.
Fonte: Uol
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