(IPEA) Auxílio emergencial compensou parte das perdas dos meses anteriores em todo o país. Cerca de 4,25 milhões de domicílios brasileiros sobreviveram, em agosto, apenas com a renda do auxílio emergencial de R$ 600, concedido pelo governo federal. A ajuda financeira também foi suficiente para superar em 41% a perda da massa salarial entre as pessoas que permaneceram ocupadas. Entre os domicílios mais pobres, os rendimentos atingiram 132% do que seriam com as rendas habituais em agosto, aponta estudo publicado nesta terça-feira (29) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
O trabalho, intitulado Os efeitos da pandemia sobre os rendimentos do trabalho e o impacto do auxílio emergencial: os resultados dos microdados da PNAD Covid-19 de agosto, utiliza dados do IBGE. “O papel do Auxílio Emergencial na compensação da renda perdida em virtude da pandemia foi proporcionalmente maior do que no mês anterior”, destaca Sandro Sacchet, autor da pesquisa.
Em comparação com o mês anterior, a redução da diferença entre a renda efetiva e a habitual foi generalizada. De modo geral, os trabalhadores receberam em agosto 89,4% dos rendimentos habituais (2,3 pontos percentuais acima de julho) – R$ 2.132 em média, contra uma renda habitual de R$ 2.384. Já os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam 86,1% do habitual (contra 85% no mês anterior). Trabalhadores do setor privado com carteira e funcionários públicos continuaram a obter, em média, mais de 94% do rendimento habitual.
A recuperação do nível de renda foi maior entre os trabalhadores por conta própria, que receberam em agosto 76% do que habitualmente recebiam, contra 72% em julho, alcançando rendimentos efetivos médios de R$ 1.486. Ainda que tenham recuperado parcela mais significativa da perda salarial devida à pandemia, os conta-própria continuam tendo um dos menores índices de renda efetiva. Um exemplo são os cabeleireiros – os trabalhadores de tratamento de beleza e serviços pessoais receberam em agosto apenas 68,6% da renda habitual, auferindo uma renda média de R$ 1.072. O resultado, porém, é melhor que o de julho, quando receberam 60% da renda habitual.
Outros grupos que sofreram muito com a pandemia, mas que apresentaram maior recuperação em seus rendimentos, são os trabalhadores de atividades artísticas, esportivas e recreação (crescimento de 15% da renda); atividades imobiliárias (aumento de 20%); hospedagem (10,5%); serviços de alimentação (7,1%); e transporte de passageiros (7,3%). Os trabalhadores menos afetados pela pandemia encontram-se na administração pública, na indústria extrativa, nos serviços de utilidade pública, na educação, em serviços financeiros e armazenamento, nos correios e nos serviços de entrega.
A pesquisa traz os dados por região, gênero, idade e escolaridade. No Nordeste, a renda efetiva subiu de 86,7% do habitual em julho para 89,6% em agosto, enquanto o Centro-Oeste continua sendo a região menos impactada (91,8%). O efeito da pandemia continua mais severo entre os idosos (85,6%) e menor entre os mais jovens (90,8%), e o impacto foi menor entre aqueles com ensino médio ou superior (89% para trabalhadores com médio completo e 91,1% para aqueles com ensino superior).
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