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Qualidade e produtividade são compatíveis?

Qual destas atribuições vem a ser a mais importante? É possível manter as duas?

Aquele velho ditado, conhecido por todos nós, de que a pressa é inimiga da perfeição, tem sua razão de ser e existir. Todas as profissões cobram qualidade dos seus profissionais, mas todos devem ser igualmente produtivos. E isto vale, evidentemente, para todas as empresas que estão em atividade hoje no mercado, embora a produtividade – de uma forma mais abrangente, porém nem sempre exata – seja relativamente fácil de regular pela demanda. Acontece que nem sempre a qualidade é compatível com um grande nível de produtividade, especialmente em determinadas áreas.

Evidentemente, se qualidade e produtividade são compatíveis no seu caso, ou não, muito dependerá da sua área de atuação. Em determinadas ocupações, que exigem trabalho ostensivamente detalhado e meticuloso, ou um esforço intelectual e criativo fora do comum, a elaboração de um produto formidável, que supere as expectativas do cliente, podem demandar um tempo considerável, e o tempo despendido na criação de algo novo nem sempre será valorizado. Em determinadas áreas, mais técnicas ou criativas, o cliente evidentemente não é capaz de enxergar o processo invisível pelo qual a empresa passa para elaborar o produto ou executar o serviço por ele exigido. O cliente vê apenas o resultado, de maneira que não toma conhecimento de todas as etapas envolvidas até o produto adquirir sua concepção final, que poderá sofrer alterações, dependendo da insatisfação do cliente. Por essas, e tantas outras razões, o trabalho criativo – para citar um exemplo – não é muito valorizado, especialmente em um país como o Brasil, que ainda tende a ver o capital intelectual com cinismo, desconfiança e excentricidade. Tudo aquilo que é palpável ainda nos parece mais fácil de precificar.

A ignorância do cliente, evidentemente, não ajuda, e muitas vezes ele não está disposto a compreender todas as etapas e todos os processos pelos quais a demanda exigida terá de passar. Ele quer apenas um resultado final formidável. Está pagando por isso, e tem o direito de exigi-lo.

É claro que toda a empresa deverá ter um quadro de funcionários compatível com a demanda por seus serviços, o que nem sempre será o caso. E é em um ambiente desta natureza que devemos distinguir a produtividade coletiva das capacidades individuais. Em grupos que estão acostumados a trabalhar em equipe, é mais fácil unir suas qualidades para atingir um determinado objetivo. Mas dependendo da complexidade do que é exigido, nem sempre será fácil demonstrar o esforço que está sendo empregado para o trabalho. De maneira que compreender com perfeição o capital individual de cada profissional em um determinado projeto nem sempre será possível.

A melhor forma de viabilizar estes dois conceitos, qualidade e produtividade – que são bastante divergentes na anatomia de demandas do mercado profissional – na hora de um novo desafio é empregar os métodos mais adequados e eficientes para o trabalho em questão, e fazê-lo com entusiasmo, especialmente se for algo que sua empresa nunca tenha feito antes. Não obstante, jamais devemos esquecer que a qualidade sempre será o fator determinante; no final das contas, o maior diferencial de todos. Se o produto ou o serviço que você oferece é de grande qualidade, muitos dos seus clientes não se importarão em pagar o seu valor, mesmo que o seu concorrente ofereça algo similar, por preço inferior. Evidentemente, se este for o seu caso, não pense que você será capaz de manter todos os clientes; mas ao menos os mais fiéis você conseguirá manter, se o seu nível de qualidade estiver entre os melhores do mercado.

Evidentemente, é bom possuir ambos – mas se por uma ou outra razão não for possível –, entre qualidade e produtividade, escolha a qualidade. Esta atribuição sempre será preponderante para manter a sua empresa no mercado. Um nível volumoso de produtividade é possível sacrificar, especialmente quando este aspecto não é compatível com o que você oferece. Mas, da qualidade, não podemos abdicar, jamais. Ela deve se tornar sinônimo de tudo aquilo que temos a oferecer.

 

 

Wagner Hertzog de Oliveira é colunista e colaborador de periódicos (jornais e revistas) e portais eletrônicos do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Escreve diariamente no seu blog, o Ultra Conservador, onde publica textos sobre política, economia e empreendedorismo. Defende uma política extremamente liberal, não-intervencionista, na economia, e cita países como Suíça, Chile e Cingapura  — à respeito dos quais escreve frequentemente —  como exemplos de progresso e desenvolvimento, onde o dinamismo e a ausência de burocracia facilitam a atividade empreendedora. Tem livros de poesia publicados, e é crítico musical do site belga Merchants of Air. Também exerce atividades como redator, editor e tradutor.

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