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Brasil e Argentina: “Eu sou você amanhã”. De novo? por: Luiz Alberto Machado

Houve um período relativamente longo, na década de 1980, em que as economias do Brasil e da Argentina se alternavam em situações críticas, ora com uma em situação mais difícil, ora com outra nessa indesejável posição. Numa analogia com um memorável comercial de uma marca de vodca, costumava-se utilizar a expressão “eu sou você amanhã”, para se referir a essa triste alternância. Nesse período, as equipes econômicas, tanto no Brasil como na Argentina, fizeram diversas tentativas, lançando mão de planos para conter a inflação que assolava os dois países. Na Argentina, o Plano Austral, de junho de 1985, optou pelo congelamento de preços, tarifas e salários. O congelamento acabou por distorcer os preços relativos da economia e afetar o abastecimento de produtos básicos, entre os quais a carne, produto essencial na dieta dos argentinos. Alguns ajustes ao plano foram feitos em fevereiro de 1986, mas já em agosto do mesmo ano estava claro que o congelamento de preços não funcionara. Em 1987, houve o agravamento da crise econômica, com a inflação se acelerando rapidamente, o que levou o governo argentino  a enfrentar grandes dificuldades fiscais. Em agosto de 1988, foi lançado o Plano Primavera, última tentativa do governo de Raúl Alfonsín de controlar a inflação, mas também sem sucesso. Quase ao mesmo tempo, o Brasil seguia uma trajetória muito parecida com a dos hermanos. No final de fevereiro de 1986, foi anunciado o Plano Cruzado, que também congelava preços e salários. Assim como na Argentina, a desordem provocada nos preços relativos gerou graves distorções e desabastecimento. Ajustes ao Plano Cruzado foram feitos em novembro de 1986 (Plano Cruzado 2) e, depois da troca da equipe econômica, um novo plano foi adotado em junho de 1987 (Plano Bresser), repetindo a estratégia do controle de preços, igualmente sem resultado. A crise econômica se agravou em 1987 e o governo brasileiro, com dificuldades para pagar a dívida externa, recorreu a uma moratória. Depois de nova troca da equipe econômica, em janeiro de 1989, foi anunciado o Plano Verão, última tentativa do governo de José Sarney para controlar a inflação pela via do controle de preços, novamente sem sucesso[2]. Como o Brasil demorou mais do que outros países sul-americanos para conseguir reduzir a inflação[3], os planos heterodoxos adentraram a década de 1990 com o Plano Brasil Novo (mais conhecido como Plano Collor), anunciado logo a posse do presidente Fernando Collor em março de 1990, e o Plano Collor 2, de janeiro de 1991. A sequência de insucessos compartilhados pelos dois países ficou conhecido como efeito Orloff: “Eu sou você amanhã”.  Ou seja, para saber o que iria acontecer no Brasil, bastava ver o que tinha acontecido na Argentina ou vice-versa. Em realidade, no comercial o alerta “eu sou você amanhã” vinha seguido da recomendação “pense em você amanhã, exija Orloff hoje”. A mensagem da propaganda de vodca vinculada na década de 1980 era evitar a ressaca do dia seguinte. A partir do êxito obtido com o Plano Real, que, ao contrário dos planos heterodoxos anteriormente tentados, conseguiu estabilizar consistentemente a nossa moeda, a diferença com a situação econômica da Argentina foi se tornando cada vez mais nítida. Embora o Brasil também tenha testemunhado oscilações em sua economia nas duas últimas décadas e o crescimento médio esteja muito abaixo do observado entre 1870 e 1986[4], a inflação foi mantida sob controle em níveis considerados baixos para nossos padrões. Enquanto isso, a economia argentina passou a maior parte desse tempo envolvida em grave crise, com a perversa combinação de baixo crescimento, elevada inflação, alto desemprego e forte endividamento, tanto interno quanto externo, fazendo com que o país fosse obrigado a recorrer mais de uma vez ao Fundo Monetário Internacional. Para favorecer uma comparação mais ampla entre o Brasil e a Argentina, vou me estender no exame da longa deterioração do país vizinho. Nasci em 1955 e, graças ao basquete, a partir dos 13 anos de idade tive oportunidade de realizar uma série de viagens ao exterior, numa época em que tal prática não era tão comum como é nos dias de hoje. Mesmo tendo conhecido diversos outros países antes de conhecer a Argentina, o que aconteceu apenas em 1977, ouvi diversas referências ao elevado nível de desenvolvimento do país que, em meados do século passado, ostentava indicadores socioeconômicos superiores inclusive aos de diversos países da Europa. Quando estive na Argentina pela primeira vez, o quadro já não era o mesmo e o processo de deterioração já se encontrava em curso. De lá para cá, tive a chance de retornar ao país mais de uma dezena de vezes e, a cada nova visita, constatava o agravamento da situação. Embora, a exemplo do que ocorreu também no Brasil, tenham se observado algumas oscilações, a tendência declinante foi uma característica marcante da economia argentina nos últimos 60 anos. Marcos Aguinis, brilhante sociólogo argentino, descreve de forma contundente essa trajetória declinante num livro intitulado ¡Pobre patria mía!:[5] Fomos ricos, cultos, educados e decentes. Em poucas décadas nos convertemos em pobres, mal educados e corruptos. Geniais! A indignação me tritura o cérebro, a ansiedade me arde nas entranhas e enrijece todo o sistema nervoso. Adoto hoje [neste livro] o subgênero do panfleto – elétrico, insolente, visceral – para dizer o que sinto sem ter que por notas de rodapé ou assinalar as citações. O que quero transmitir é tão forte e claro que devo esculpir. Ao leitor que já me conhece só peço, como sucedia com os panfletos do século XIX, que considere minha voz como a voz dos que não têm voz. Ou que, se a tem, não sabem como nem onde transmiti-la. Não se trata de arrogância, mas sim de pedir permissão.[6] Mais adiante, numa clara manifestação de inconformismo pela pouca importância que a comunidade internacional atribui atualmente a um país que já foi considerado o mais desenvolvido da América do Sul, Aguinis assinala: Cada vez que regresso de uma viagem ao estrangeiro, alguém me pergunta: “Que opinam a nosso respeito?” Existe ansiedade por obter a aprovação alheia,

Agronegócio, indústria e mudança de mindset – por: Luiz Alberto Machado

“Quando adotamos um mindset, ingressamos num novo mundo. Num dos mundos – o das características fixas –, o sucesso consiste em provar que você é inteligente ou talentoso. Afirmar-se. No outro mundo – o das qualidades mutáveis –, a questão é abrir-se para aprender algo novo. Desenvolver-se.” –  Carol Dweck Examinando não apenas os resultados, mas também – e sobretudo – as declarações recentes de representantes brasileiros do agronegócio e da indústria, foi inevitável a associação com o livro de Carol Dweck, pesquisadora da Universidade de Stanford, intitulado Mindset[1], que pode ser traduzido por mentalidade. No referido livro, a autora aborda a distinção entre “mindset fixo” e “mindset de crescimento”. Pessoas com mindset fixo acreditam que as habilidades não mudam e não se alteram ao longo do tempo, razão pela qual estão menos propensas a ser bem-sucedidas do que as que possuem mindset de crescimento, que acreditam que as habilidades podem ser desenvolvidas por meio de muito trabalho, boas estratégias e, acima de tudo, criatividade e inovação. Agora mesmo, diante das dificuldades decorrentes da crise hídrica e dos problemas climáticos que poderão significar uma pequena queda na expectativa de crescimento da produção neste ano, o discurso das lideranças do agronegócio enfatiza as possibilidades de imediata recuperação e, para tanto, aposta desde já suas fichas na agenda tecnológica em curso, que inclui digitalização, big data e inteligência artificial e que se somará aos pilares tradicionais do crescimento agrícola: bons recursos naturais, gente disposta e treinada, muito investimento em pesquisa e constante desenvolvimento tecnológico, que permitem sucessivos ganhos de produtividade e crescente inserção nas cadeias globais de suprimento. Não é por outra razão que o Brasil é referência no mundo todo, ocupando os primeiros lugares no ranking de produção e exportação de diversos produtos. Simultaneamente, ficamos sabendo que nos últimos 15 anos a indústria brasileira foi da 9ª posição entre as maiores do mundo para a 14ª. No mesmo período, a participação do País na manufatura global caiu quase pela metade, de 2,2% para 1,3%, de acordo com o IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Em vez de focalizar o futuro e as perspectivas de recuperação, as lideranças do setor preferem identificar os culpados por essa situação, apontando problemas de ordem interna e outros decorrentes de crises e oscilações da economia internacional. Diante disso, mesmo reconhecendo que não é fácil ser produtor no Brasil em razão do péssimo ambiente de negócios, está mais do que na hora de uma mudança de mindset das nossas lideranças industriais, abandonando as lamúrias típicas de quem possui mindset fixo e adotando atitudes arrojadas que caracterizam os possuidores de mindset de crescimento. Luiz Alberto Machado: Economista, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie, mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), é sócio-diretor da empresa SAM – Souza Aranha Machado Consultoria e Produções Artísticas. Foi presidente do Corecon-SP e do Cofecon.  

Inflação versus PIB – Estagflação? O que representa isto???

Estagflação é a combinação entre estagnação do crescimento econômico, desemprego e inflação alta. O cenário atual é ruim, mas ainda distante dos anos 70 ou dos anos 80 que foi considerada a década perdida. A boa notícia é que o PIB encontra-se projetado em crescer 5,04% em 2021 após a queda de 4,1% em 2020 devido o forte impacto que afetou o “mundo” e não somente o Brasil. Porém a inflação esta em alta e na casa dos 8,51% podendo chegar a 10%. Como alguns setores ou empresas terão dificuldade em repassar o reajuste da perda do poder aquisitivo da moeda (inflação) aos produtos que vendem terão que assumir o reajuste dos salários que irá ocorrer em decorrência do reajuste salarial da categoria ou o tal famoso: dissídio coletivo e com isto, as empresas, terão que reduzir os custos e o mais provável que seja o corte na própria folha de pagamento e neste caso o tiro sairá pela culatra, provocando o desemprego. Dentre os grupos que mais subiram em 12 meses quem predomina são os combustíveis em 41%, e vale destacar que a Petrobrás no seu contrato junto aos acionistas, faz parte que o reajuste dos preços dos combustíveis, inclusive os preços praticados aqui no Brasil, tem como parâmetro: a oscilação do dólar frente o real e também com a variação dos preços do barril a nível internacional. Fica a pergunta: O que a sociedade tem haver com a oscilação do dólar frente o real, já que a moeda corrente do Brasil que mede a inflação através do IPCA que reajusta os preços é o REAL??? e também com a oscilação do preço do barril do petróleo a nível internacional, porém a elevação do preço do combustível elava os preços dos produtos da cesta básica, provocando a inflação e o desemprego. Resultado de um péssimo acordo da época fechado pelo então presidente FHC e hoje pagamos a conta destas duas variáveis incontroláveis; reajuste com a variação do câmbio e reajuste do preço do barril a nível Internacional. O combustível elevado (decorrente de um contrato de privatização mal elaborado) pressiona os produtos derivados e também demais cadeia produtiva elevando o preço dos produtos, gerando a inflação num período de estagnação, que irá refletir no aumento do custo de produção e com reflexo no desemprego. Combustível 41%, Óleos e gorduras 38%, Carnes 28%, Energia Elétrica residencial 25%, Aves e Ovos 24%, IPCA do período 10%. Daí, façam aí a reflexão quem irá pagar a conta. Um forte abraço Prof. Alexandre Wander https://www.instagram.com/prof_Alexandre_wander

Menos Marx, mais Mises – por: Luiz Alberto Machado

  “Apesar de ainda ser muito pouco conhecido entre os jovens brasileiros em comparação com Karl Marx, o nome do economista austríaco Ludwig von Mises se tornou um dos símbolos da nova direita, que, ao longo de mais de uma década, passou a congregar de anarcocapitalistas a monarquistas ultramontanos.” Camila Rocha Em 2015, por ocasião das gigantescas manifestações que precederam o impeachment da presidente Dilma Rousseff, escrevi um artigo[1] com o objetivo de esclarecer o significado de um cartaz com os dizeres deste título, exibido por manifestantes na Avenida Paulista, que foi focalizado repetidas vezes pelas câmeras das emissoras de televisão que cobriram o evento. Volto ao tema agora para comentar o recém-lançado Menos Marx, mais Mises, de autoria da cientista política Camila Rocha (Editora Todavia, 2021). No livro, que tem por subtítulo O liberalismo e a nova direita no Brasil, a autora faz uma radiografia do liberalismo brasileiro, tomando por base o papel desempenhado, primeiramente, pelos think tanks e personagens que foram protagonistas nas décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990 e, num segundo momento, pelas redes sociais e movimentos da sociedade civil nas primeiras décadas do século XXI. Camila Rocha, que faz questão de declarar-se de esquerda, consegue tratar a questão sem se deixar levar pela preferência ideológica, muito comum em obras dessa natureza. O livro teve origem na tese de doutorado em ciência política pela Universidade de São Paulo, laureada com os prêmios de melhor tese de doutorado da Associação Brasileira de Ciência Política e de Tese de Destaque USP na área de ciências humanas. Na pesquisa que fundamentou sua tese, Camila entrevistou entre 2015 e 2018 dezenas de nomes representativos das diversas tendências do pensamento e das instituições liberais, chegando mesmo a morar por alguns meses no Rio de Janeiro, com o objetivo de fazer pesquisas na sede do Instituto Liberal do Rio de Janeiro. No capítulo inicial, Camila explora aspectos semânticos relacionados à expressão direita, por reconhecer que “é muito comum entre analistas políticos o uso de expressões como ‘direita radical’ ou ‘extrema direita’ para se referir ao fenômeno da nova direita brasileira”. Nessa exploração, a autora recorre ao cientista político britânico Michael Freeden para esclarecer o significado de ideologias políticas. Para Freeden, “as ideologias políticas seriam um conjunto de ideias, crenças, opiniões e valores que: 1) possui um padrão recorrente; 2) é sustentado por grupos relevantes; 3) é utilizado nas disputas em torno da adoção de planos para políticas públicas; e 4) procura justificar, contestar ou mudar arranjos sociais e econômicos”. Desse modo, conclui, “as ideologias políticas possuiriam uma relação estreita com a prática política, permeando conflitos que se dão na esfera pública em torno do desenho de amplos programas que dizem respeito a políticas sociais e econômicas”. Na parte final deste capítulo, Camila enfatiza a importância dos think tanks para a disseminação da defesa do livre mercado, mencionando alguns exemplos que obtiveram notoriedade tanto no Brasil como no exterior, entre os quais o Institute of Economic Affairs, na Inglaterra, a Foundation for Economic Education, nos Estados Unidos, e o Instituto Liberal, no Brasil. O tema será retomado e aprofundado no segundo capítulo, em que a autora mergulha na ação dos principais think tanks brasileiros nas quatro últimas décadas do século XX, procurando mostrar a influência das ideias do economista austríaco Friedrich Hayek, principal idealizador, em 1947, da Sociedade Mont Pèlerin, que até hoje reúne, sistematicamente, representantes das diversas tendências do pensamento liberal do mundo inteiro. Entre os think tanks citados por Camila, destaque para: o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), fundado em 1961 em São Paulo; a Sociedade Brasileira de Cultura – Convívio, também de São Paulo; a Câmara de Estudos e Debates Econômicos e Sociais (Cedes), que reunia relevantes empresários brasileiros; o Instituto Liberal, fundado em 1983 no Rio de Janeiro pelo empresário Donald Stewart Jr., mas que teve filiais em nove estados do Brasil; o Instituto de Estudos Empresarias, fundado no Rio Grande do Sul pelos irmãos William e Winston Ling; e o Instituto Atlântico, fundado em 1992 no Rio de Janeiro por antigos membros de Cedes liderados pelo economista Paulo Rabello de Castro, que se uniram ao empresário carioca Thomaz Magalhães. Em diferentes momentos, os referidos think tanks conseguiram exercer – em maior ou menor grau – o papel a que se propunham na defesa do livre mercado até entrarem em decadência com a chegada ao poder do Partido dos Trabalhadores e o progressivo afastamento dos principais financiadores dessas instituições. Se a preocupação central dos think tanks focalizados no segundo capítulo era o combate ao comunismo, a dos think tanks e dos movimentos da sociedade civil surgidos a partir do início do século XXI e identificados à nova direita passou a ser o combate à hegemonia cultural esquerdista, principal aspecto examinado por Camila no terceiro capítulo, no qual cinco fatores, em minha opinião, merecem destaque especial. O primeiro diz respeito à importância de Ludwig von Mises, também da Escola Austríaca de Pensamento Econômico, apontado por Camila como principal referência teórica da nova direita. Autor, entre outras obras, do clássico Ação humana[1], Mises dá nome ao principal think tank liberal surgido neste século no País, ao lado do Instituto Millenium. O segundo fator que merece destaque é a unificação dos diversos grupos da chamada nova direita em torno do combate à hegemonia cultural esquerdista que passou a vigorar desde a redemocratização e que é representada pelo pacto democrático de 1988, cujo símbolo maior é a Constituição Cidadã, responsável, de acordo com a visão da nova direita, pelo maior grau de intervenção do Estado na economia e pela proliferação exagerada dos direitos sociais. O terceiro fator reside na relevância do filósofo Olavo de Carvalho em especial no referido combate à hegemonia cultural esquerdista. Embora sofra diversas restrições por sua postura e seus pronunciamentos não democráticos, Olavo de Carvalho conseguiu incutir na cabeça de Jair Bolsonaro e seus três filhos a ideia da necessidade de combater violentamente a influência da esquerda nos meios culturais e educacionais, bom como nos meios

Investir na BOVESPA? cuidado o mar não está pra peixe.

Desenvolva uma análise crítica, cuidado com as influências de: Vou te fazer um milionário da BOVESPA. É um investimento de risco variável que você deve avaliar com muito cuidado, pois você pode duplicar teu capital, mas em caso de queda pode comprometer não somente os ganhos auferidos mas também o teu capital investido. A valorização de uma ação está relacionada ao risco sistemático ( da Economia) e do risco não sistemático ( da Empresa) que somados temos o risco total. Alguns setores já recuperou a desvalorização da Pandemia e outros estão lutando para recuperar…a Bolsa chegou a 130 pontos em junho e agora pátina nos 114 mil pontos, uma desvalorização de 14% em apenas 03 meses. Dica. Momento de acumular capital em investimentos de menor risco e de estudar o comportamento do mercado. Gostou? Comente e compartilhe com os teus amigos. Prof Alexandre Wander https://www.instagram.com/tv/CTrh06oD8Kn/?utm_medium=share_sheet

Percepções diferentes na macro e na microeconomia, por Luiz Alberto Machado

Para poder exercer atividades relacionadas à assessoria e/ou consultoria econômica, preciso estar atento aos acontecimentos e colher o maior número possível de informações provenientes de fontes confiáveis, para, então, interpretá-las e, dependendo do caso, elaborar análises ou construir cenários. Nesse sentido, chama atenção a diferença observada atualmente entre as perspectivas da macroeconomia, que trabalha com dados agregados, e da microeconomia, mais voltada para questões setoriais. Na macroeconomia constata-se clara mudança a partir de julho, com a substituição de uma visão otimista prevalecente durante o primeiro semestre por uma visão mais pessimista, como demonstram os dados das sucessivas edições do Relatório Focus, divulgadas às segundas-feiras pelo Banco Central, contendo as previsões dos agentes do mercado financeiro. No que se refere ao Produto Interno Bruto, depois de uma série de previsões de crescimento robusto (mesmo considerando o efeito estatístico decorrente do mau desempenho de 2020), observa-se progressiva redução. Já no que se refere à inflação, ocorre o contrário. No início do ano, a projeção era de uma variação do IPCA dentro do limite da meta (que em 2021 tem o centro fixado em 3,75%, podendo variar entre 2,25 e 5,25%). À medida que o tempo foi passando e os preços foram aumentando, as projeções se elevaram e se afastaram consideravelmente da meta. A tabela 1 mostra a evolução recente desses dois indicadores. A tendência, para os agentes do mercado financeiro, é que as projeções continuem se deteriorando com redução ainda maior da expectativa de crescimento do PIB e de elevação ainda maior da expectativa de inflação, o que exigirá novos aumentos da taxa básica de juros (Selic), com provável impacto negativo sobre o nível de atividade econômica. Na microeconomia, por outro lado, percebe-se uma perspectiva bem mais favorável em diversos segmentos de atividade. Na última reunião do Comitê de Avaliação da Conjuntura da Associação Comercial de São Paulo, realizada dia 26 de agosto, depoimentos de representantes de diversos segmentos indicaram a continuidade de uma recuperação iniciada já no segundo semestre de 2020, após o violento baque provocado pela pandemia do coronavírus. Entre os segmentos com desempenho positivo, destacam-se; (i) o do agronegócio (apesar dos problemas enfrentados por questões climáticas); (ii) os da construção civil e de materiais de construção; (iii) o do setor eletroeletrônico, mesmo com gargalos em logística e com semicondutores (pesquisa da Abinee revela expectativa positiva de 79% dos associados, contra 17% que apontam para a estabilidade  e apenas 4% com expectativa negativa); (iv) do setor farmacêutico; (v) do setor de embalagens, que funciona como uma espécie de termômetro do andamento da economia; e (vi) do comércio eletrônico (e-commerce), que registrou o expressivo crescimento de 31% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2020. No mesmo período, constatou-se um crescimento do ticket médio da ordem de 22%. Outro dado relevante é que em 2021, 42 milhões de pessoas fizeram pelo menos uma compra nesse formato. Os setores com maior crescimento no e-commerce foram: casa e decoração (aumento de 122%), pet e artigos esportivos. O varejo também dá sinais de recuperação, que acelera com a progressiva eliminação das restrições ao funcionamento de lojas, bares, restaurantes e outros serviços. A recuperação, no entanto, ainda não foi suficiente para compensar o recuo anterior e vem acompanhada de nítida concentração, favorecendo as grandes redes em detrimento do pequeno varejo. Como esperado, o desemprego permanece em patamar elevado, uma vez que antes de sair contratando, as empresas deverão alocar os fatores ociosos dos períodos de retração e estagnação[1]. [1] Acompanhar meu comentário “A resposta tardia do emprego” no Podcast do Espaço Democrático. Disponível em https://espacodemocratico.org.br/podcasts/a-resposta-tardia-do-emprego/. Luiz Alberto Machado[1] [1] Economista, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie, mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), é sócio-diretor da empresa SAM – Souza Aranha Machado Consultoria e Produções Artísticas e diretor adjunto do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Foi presidente do Corecon-SP e do Cofecon.  

ESSENCIALISMO: a Tendência da nova geração!!!!

ESSENCIALISMO. Tendência da nova geração!!!!Se você se sente sobrecarregado (a) e ao mesmo tempo subutilizado, ocupado mas pouco produtivo, e seu tempo parece servir apenas aos interesse dos outros….. Você precisa conhecer o essencialismo!!!! O essencialismo é mais do que uma técnica de gestão do tempo ou de produtividade. É um método para identificar o que é vital e eliminar todo o resto, para que possamos dar maior contribuição possível aquilo que realmente importa. O conceito acima vale tanto para você e a tua EMPRESA. Quando tentamos tomar conta de tudo, fazemos concessões que nos afastam da nossa meta. Lembre-se: Missão, visão, valores, objetivos e metas estratégicas… (visualize os posts anteriores da nossa página). Neste livro, Greg McKeown, mostra que para equilibrar trabalho e vida pessoal é preciso…. Bom o restante você vai encontrar neste livro que recomendo. Prof. Alexandre Wander Gecompany o canal amigo do Empreendedor e do Jovem Universitário. Inscreva-se, comente e compartilhe com os teus amigos. Conhecimento não tem pátria e nem preço!!! é um dom de Deus a ser lapidado ao tempo atual. siga-nos no Instagram prof_alexandre_wander

Olímpica expectativa, por: Luiz Alberto Machado

“O esporte tem o poder de unificar, passar uma imagem de paz e resiliência, e nos dá esperança de seguir nossa jornada juntos.” Thomas Bach (Presidente do Comitê Olímpico Internacional) Com um ano de atraso em relação à data prevista e depois de muita celeuma envolvendo a conveniência de sua realização em razão da pandemia do coronavirus, foi realizada na manhã do dia 23 (noite no Japão) a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a 32ª edição da era moderna, ainda que as competições de algumas modalidades tenham se iniciado há dois dias.. Como acontece ainda com a maior parte dos eventos de massa ao redor do mundo, a cerimônia de abertura – assim como ocorrerá com as competições das diversas modalidades – teve um público presente reduzidíssimo, quer na plateia, quer entre os atletas participantes do desfile. Com certeza, a questão econômica se sobrepôs à questão sanitária na decisão sobre a realização ou não dos Jogos Olímpicos. Mas, independentemente de posicionamentos favoráveis ou contrários à sua realização, uma vez iniciados, passam a despertar interesse generalizado, principalmente entre os aficionados por esportes, entre os quais me incluo. Por essa razão, atrevo-me a fazer algumas considerações que me parecem oportunas. A primeira consideração envolve a própria cerimônia de abertura. Repleta de simbolismo, como era de se esperar numa edição que se propõe a ser a dos “Jogos da Inclusão”, teve como um dos destaques a escolha da tenista Naomi Osaka para acender a pira olímpica. Negra, filha de mãe japonesa e pai haitiano, tem se destacado não apenas por suas brilhantes performances nas quadras, mas por uma forte personalidade, caracterizada por atitudes desafiadoras, por opiniões contundentes e por levantar questões evitadas pela maior parte dos atletas, como, por exemplo, desigualdade racial e saúde mental. Antes de examinar as presenças, começo por registrar a ausência de dois monstros sagrados do esporte mundial, cuja participação arrebatou as atenções nas últimas edições dos Jogos Olímpicos: o velocista jamaicano Usain Bolt e o nadador norte-americano Michael Phelps. Seguramente, ambos farão falta e seus nomes serão lembrados nas provas em que costumavam competir… e atropelar. Entre os grandes favoritos, dos quais são esperadas nada menos do que medalhas de ouro, destacam-se, nas modalidades individuais, a ginasta norte-americana Simone Biles e o tenista sérvio Novak Djokovic. Os dois estão muito próximos de serem considerados os maiores de todos os tempos em suas respectivas modalidades e a conquista do ouro olímpico ampliará ainda mais a chance de atingirem essa condição. Já nas modalidades coletivas, espera-se o domínio dos chineses e das chinesas no tênis de mesa, dos norte-americanos no basquete masculino (apesar da presença de grandes nomes da NBA espalhados pelas seleções de vários países) e de japoneses e japonesas no judô. Quanto às possibilidades do Brasil, a grande questão é se conseguirá igualar ou até mesmo superar a marca de 19 medalhas (sete de ouro, sete de prata e seis de bronze) conquistadas em 2016, no Rio de Janeiro. Historicamente, é nas edições realizadas na própria casa que os países costumam obter o maior número de medalhas. A Grã-Bretanha, no entanto, quebrou essa escrita, conseguindo, no Rio de Janeiro, um número maior de medalhas do que havia conquistado em Londres, quatro anos antes. Para muitos analistas, tal feito revela que os investimentos realizados para fazer bonito em casa se mantiveram no tempo, permitindo que o país atingisse um patamar superior a longo prazo. No caso do Brasil, há uma particularidade. Os mais otimistas, que acreditam na possibilidade de igualar e/ou superar as 19 medalhas conquistadas no Rio de Janeiro, apostam parte de suas fichas no bom desempenho de nossos atletas em modalidades que serão disputadas pela primeira vez dos Jogos Olímpicos em Tóquio, como são os casos do surf e do skate, nas quais os brasileiros e as brasileiras ocupam as primeiras posições no ranking mundial. Além disso, temos expectativas positivas em modalidades em que tradicionalmente temos bom desempenho, como iatismo, judô, vôlei de quadra e de praia, bem como em destaques individuas como Isaquias Queiroz, na canoagem, Arthur Zanetti e Arthur Nory, na ginástica, Thiago Braz, no salto com vara, e Beatriz Ferreira, no boxe. O futebol também pode nos dar alegrias, mas é bom destacar que, no masculino, trata-se de uma competição diferente, graças ao limite de três atletas por seleção com idade superior a 24 anos. Isso faz com que a medalha de ouro não seja indicativa da melhor seleção do mundo, o que ocorreria se a presença de todos os melhores jogadores, independentemente da idade, fosse permitida, o que só acontece nas Copas do Mundo. Diante de tais expectativas, uma constatação me parece clara. Em esportes de alto rendimento, o Brasil vem apresentando uma sólida evolução. Estamos em situação muito melhor do que a de algumas décadas atrás, quando a conquista de alguma medalha, qualquer que fosse, era comemorada como algo quase impossível. Não tenho dúvida, porém, de que a situação seria diferente e as possibilidades muito maiores se a estrutura do nosso esporte, a exemplo do que ocorre em diversos países que levam a maioria das medalhas, tivesse com base as escolas e universidades e não os clubes, de acesso muito mais restrito. Tal situação, reconheço, está longe da nossa realidade, uma vez que até as aulas de educação física, antes obrigatórias, estão ausentes dos currículos escolares e universitários. E as competições desse nível, que chegaram a ter certa repercussão há algum tempo, perderam importância e encontram-se totalmente esvaziadas. Com isso, temos o duro desafio de extrair qualidade de um universo de praticantes de esporte muito inferior ao que seria possível. Luiz Alberto Machado: Economista, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie, mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), é sócio-diretor da empresa SAM – Souza Aranha Machado Consultoria e Produções Artísticas e diretor adjunto do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Foi presidente do Corecon-SP e do Cofecon.

Economia do crime, o crime compensa? Luiz Alberto Machado

“Na faculdade, fui atraído pelos problemas estudados por sociólogos e as técnicas analíticas utilizadas pelos economistas. Esses interesses começaram a se fundir em meu estudo de doutorado, que utilizou a análise econômica para entender a discriminação racial. Posteriormente, apliquei a abordagem econômica para a fertilidade, a educação, os usos do tempo, crime, casamento, interações sociais, e outros problemas ‘sociológicos’, ’legais’ e ‘políticos’. Só depois de longa reflexão sobre este trabalho e o volume crescente de trabalhos relacionados por outros que concluí que a abordagem econômica era aplicável a todo o comportamento humano.” Gary Becker Chama a atenção o volume de matérias divulgadas na mídia ou nas redes sociais envolvendo temas relacionados ao crime e à corrupção no Brasil. Mesmo admitindo que há crime e corrupção no mundo todo e que a pandemia  expandiu os estímulos à prática de atos ilícitos em razão da redução do nível de atividade econômica e da menor oferta de empregos formais, a sensação que se tem é que no Brasil o volume supera o normal. Sensação, aliás, confirmada pela Transparência Internacional, organização não governamental dedicada à produção de um índice comparativo da percepção de corrupção em 180 países. A escala do índice vai de 0 a 100, em que 0 significa que o país é percebido como “altamente corrupto” e 100 é a avaliação de um país percebido como “muito íntegro”. Notas abaixo de 50 indicam níveis graves de corrupção. Na última edição do IPC (Índice de Percepção da Corrupção), publicada janeiro de 2021, a nota do Brasil (38) ficou abaixo da média da América Latina (41) e mundial (43) e distante da média dos países do G20 (54) e da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) (64). A combinação de elevado volume de matérias sobre crimes e de alto índice de percepção da corrupção leva à seguinte pergunta: o crime compensa no Brasil? Uma possível resposta a essa pergunta pode ser buscada na teoria econômica, graças, sobretudo, à contribuição de Gary Becker, ganhador do Nobel de Economia em 1992, “por haver estendido os domínios da análise microeconômica ao vasto campo do comportamento humano e das suas interações, incluindo o comportamento não mercadológico”. Becker, que se engajara, de 1964 a 1967, numa linha de pesquisa liderada por Jacob Mincer e Theodore Schultz voltada à teoria do capital humano, ampliou consideravelmente a problemática neoclássica (base da teoria do capital humano) ao estender para diversos outros fenômenos da vida social o mesmo argumento utilizado na análise do investimento em capital humano, fundamentada na racionalidade dos indivíduos. Nas mais diferentes situações – para se casar, para se dedicar ao crime, para consumir drogas, para ter filhos, para comprar um eletrodoméstico ou para se divorciar – o indivíduo toma sua decisão comparando racionalmente os custos e os benefícios, tendo em mente a maximização de sua satisfação. Como observa Shikida[1], “a economia do crime, portanto, é uma das abordagens no campo das ciências sociais aplicadas que procura entender as motivações para o crime a partir da análise econômica. No artigo “Crime and punishment: an economic approach”, publicado em 1968, Becker, utilizando-se de modelagem matemática, ressaltou que uma pessoa propensa ao crime pondera, racionalmente, os custos e benefícios esperados de sua prática ilícita, para, a partir daí, escolher atuar (ou não) no mercado econômico ilegal”. SHIKIDA, Pery F. Assis. Economia do crime: o caso do contrabando de cigarro. Disponível em http://www.brasil-economia-governo.org.br/2021/06/07/economia-do-crime/. Detalhando mais o argumento, o indivíduo racional compara os ganhos que pode obter com as atividades ilícitas aos seus custos, considerando as possibilidades de ser capturado e a extensão da pena. Pode parecer simples, mas há uma série de variáveis envolvidas nessa análise. Pelo lado dos benefícios, o indivíduo compara o que será possível ganhar e em quanto tempo de “trabalho”. Leva em conta, alternativamente, quanto ganharia no exercício de uma atividade profissional regular, na qual provavelmente teria que trabalhar em tempo integral. Pelo lado dos custos, ele vai levar em conta as chances de ser flagrado, de ser condenado e de efetivamente ter que cumprir a pena. Se, por exemplo, for um indivíduo de baixa qualificação, sem maiores oportunidades de obter um emprego com remuneração elevada, a perspectiva de correr risco na atividade criminosa torna-se mais atraente. Se ele considerar que a chance de ser flagrado e condenado é remota em razão do número reduzido de policiais, do despreparo dos mesmos ou dos equipamentos limitados de que dispõem, a perspectiva torna-se mais atraente ainda. Se, ainda por cima, ele constatar que a legislação oferece uma série de atenuantes e que por falta de presídios a tendência dos juízes é de aplicar penas suaves, sendo, portanto, muito remota a hipótese de ter que passar um período muito longo de tempo atrás das grades, a chance de optar pelo crime é muito grande. Afinal, com essas variáveis todas, a conclusão a que o indivíduo chega é de que “o crime compensa”. Evidentemente, se as variáveis fossem outras, como por exemplo: de um lado, o indivíduo possui bom nível de qualificação, a atividade econômica está em fase de expansão, estão surgindo boas oportunidades de emprego e a chance de obter salários elevados é alta; e de outro lado o sistema de segurança é eficiente, recebe polpudos investimentos públicos, resultando num efetivo policial bem preparado e equipado, capaz de exercer com competência o combate ao crime, agindo tanto na prevenção como na repressão, o sistema judicial é ágil, permitindo a tramitação rápida dos processos e as penas são duras, tendo que ser cumpridas à risca, a possibilidade de se sair bem na atividade criminosa se reduz acentuadamente, e o indivíduo irá pensar muito mais antes de se dedicar a ela, já que na sua percepção, “o crime não compensa”. Diante de tais considerações, a conclusão inevitável é de que no Brasil o crime compensa, pois, além de graves problemas na educação, que geram enorme quantidade de profissionais com baixa qualificação, temos um número muito baixo de crimes esclarecidos ou de atos de corrupção efetivamente punidos. E, quando ocorre a punição, a possibilidade de cumprimento integral da pena também é muito baixa.

Sinais confusos – comportamento da economia – por: Luiz Alberto Machado

Tom Jobim fez, anos atrás, uma afirmação que se tornou clássica: “O Brasil não é para principiantes”. Tenho me recordado dela ao acompanhar e tentar interpretar os indicadores econômicos divulgados regularmente pela mídia e pelos organismos especializados. Há uma alternância de bons e maus indicadores suficiente para deixar confusa qualquer pessoa que tente compreender o cenário atual e, principalmente, desenhar prováveis cenários. Se não, vejamos. A projeção de crescimento do PIB é positiva e as previsões não param de melhorar a partir da divulgação do resultado do primeiro trimestre, que foi superior ao esperado. No dia 28 de junho, o Boletim Focus do Banco Central aumentou a previsão de crescimento para 2021 de 5,00% para 5,05%. Mesmo considerando que a base de comparação é débil e que há um carrego estatístico (carry over) considerável para este ano, não deixa de ser uma projeção alvissareira. Seguindo pelo lado das boas notícias, temos acompanhado o bom desempenho da bolsa de valores, cujo principal índice, o Ibovespa, segue num patamar elevado, apesar das naturais oscilações decorrentes de acontecimentos pontuais no Brasil ou no exterior. Exemplo disso é que mesmo com queda de 1,74% na sexta-feira, dia 25 de junho, o índice fechou aos 127.255 pontos, número bastante expressivo segundo os experts. Paralelamente ao bom desempenho do mercado acionário, observa-se a redução do valor do dólar, que em junho passou a registrar cotação inferior a RS$ 5,00 depois de muito tempo. Em contrapartida, os dados referentes à inflação não são animadores, tendo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) atingido a taxa de 8,06% em 12 meses em maio último. Tomando por base a mesma referência utilizada para o crescimento do PIB, observa-se nas últimas semanas sucessivas altas nas projeções. No dia 28 de junho, o Boletim Focus do Banco Central aumentou pela 12ª semana consecutiva a previsão da inflação para 2021. A estimativa do mercado financeiro para o  IPCA deste ano subiu de 5,90% para 5,97%, superando o teto superior da meta de inflação que é de 5,25%. [1] [1] O centro da meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 2,25% e o superior de 5,25%. As seguidas estimativas de alta da inflação tiveram como consequência imediata a elevação da taxa básica de juros (Selic) por parte do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Depois de atingir o nível histórico mais baixo, 2,00%, em agosto de 2020, permanecendo nesse patamar até março de 2021, o Copom iniciou um ciclo de aumentos, elevando a Selic para 2,75% em março, 3,50% em maio e, finalmente, 4,25% na reunião do dia 17 de junho. Dos vários indicadores publicados recentemente, o que mais me preocupou foi o divulgado pela Comissão das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) em 21 de junho, segundo o qual o investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil registrou uma queda de 62% em 2020, recuando para US$ 25 bilhões, o menor em duas décadas. Com isso, o Brasil caiu cinco posições entre os países que mais atraem investimentos estrangeiros, indo da 6ª para a 11ª posição e sendo superado, na América Latina, pelo México. A pandemia do novo coronavírus provocou uma retração de 35% em 2020 nos investimentos estrangeiros em todo o mundo, que caíram de US$ 1,5 trilhão para US$ 1,0 trilhão, igualando praticamente o valor de 2005 e ficando 20% menor em comparação a 2009, ano imediatamente posterior à crise financeira global. . Essa retração, no entanto, não foi linear, sendo o Brasil o país que teve a maior queda na região da América Latina e Caribe, que, por sua vez, foi aquela que teve a maior queda entre as regiões emergentes do mundo, que incluem também o continente africano e parte dos países da Ásia. Minha preocupação está relacionada a uma perspectiva de longo prazo. Ao contrário de indicadores conjunturais como são os casos do crescimento do PIB, da taxa de câmbio ou da variação do nível de preços, a taxa de investimento tem efeito duradouro e, nesse aspecto, a taxa de investimento no Brasil, que tem oscilado em torno de 15% nos últimos anos (gráfico 1), é, historicamente, muito baixa, comparativamente à de outros países emergentes, principalmente os asiáticos. E, considerando que o brasileiro – ou por não ter condições ou por uma questão cultural – não cultiva o hábito da poupança, que é pré-requisito indispensável para o investimento, a atração de capitais provenientes do exterior tem sido fundamental para a preservação da nossa insuficiente taxa de investimento. Mesmo reconhecendo que o nível dos investimentos estrangeiros se encontra em recuperação no mundo em 2021, graças à retomada do nível de atividade e ao avanço da vacinação contra a Covid-19, e que no Brasil o investimento estrangeiro registra um crescimento anual de 30% de janeiro a maio, é essencial que o objetivo de expandir a taxa de investimento permaneça ocupando lugar prioritário na cabeça de nossas autoridades. Concluo meu artigo reverenciando o economista Calos Geraldo Langoni, ex-presidente do Banco Central (de 18 de janeiro de 1980 a 5 de setembro de 1983), falecido no último dia 13 de junho. Aluno, na Universidade de Chicago, de Theodore Schultz, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1979, Langoni pensava no desenvolvimento do País a longo prazo e, nesse sentido, enfatizava a importância maior do investimento em capital humano do que em capital físico. Infelizmente, não conseguiu influenciar suficientemente gerações e gerações de responsáveis pela condução de nossa economia, razão pela qual continuam prevalecendo no Brasil a visão curto prazista e o descaso com a educação, dois dos maiores obstáculos para superarmos a armadilha da renda média. Luiz Alberto Machado Economista, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie, mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), é sócio-diretor da empresa SAM – Souza Aranha Machado Consultoria e Produções Artísticas e diretor adjunto do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Foi presidente do Corecon-SP e do Cofecon.