Vamos iniciar nossa reflexão neste texto sobre o EBITDA Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization”, que significa “Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização“, em português.
A utilização deste “indicador financeiro” tem como principal benefício em indicar o resultado operacional de uma empresa se assemelhando ao FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL; pois adiciona ao resultado operacional as despesas que não representam uma saída efetiva de caixa por se tratarem um valor estritamente contábil, tais como a depreciação e amortização no objetivo de apresentar aos investidores o real valor de geração de caixa operacional de uma empresa.
Assim, se uma empresa gerou um resultado operacional de R$ 100,00 ao adicionar a depreciação e amortização no valor de R$ 10,00 o EBITDA passa a ser de R$ 110,00 e o resultado na visão do EBITDA passa a ter um acréscimo percentual de 10%.
Observe, que visualizamos o resultado operacional da empresa antes dos resultados financeiros e impostos decorrente de sua operação (IRPJ e a CONTRIBUIÇÃO SOCIAL), numa alíquota média marginal de 34%, incidente sobre o lucro líquido da empresa.
A contabilidade em seus princípios do conservadorismo defini a depreciação como o custo de obsolescência dos ativos imobilizados tais como: máquinas, equipamentos, veículos, móveis, etc; ou seja, uma reserva financeira do lucro que será destinada a reposição (compra) referente aos desgastes dos bens da empresa.
Ao retornarmos o valor da depreciação ao lucro operacional contábil estamos construindo uma falsa visão financeira de valor ao acionista; pois ao longo do tempo a empresa irá necessitar de recursos financeiros para a reposição dos desgastes decorrente dos ativos operacionais, e corremos o risco de iludirmos os investidores, num possível descolamento do recurso da depreciação da sua origem principal em investimentos diferenciados; ou até mesmo, em promover uma ilusória distribuição de capital (dividendos), induzindo a empresa no futuro próximo na necessidade de captar recursos onerosos para reposição dos desgastes dos equipamentos.
Um outro ponto de reflexão; é que o EBITDA por ser um indicador do resultado operacional tem a sua correlação com a lucratividade de uma empresa; relacionando-se a Receita Bruta ou a Receita líquida não levando em conta os investimentos que foram necessários para gerar este lucro operacional.
Exemplo: Numa receita liquida de R$ 1.000,00 e um Lucro operacional adicionado a depreciação e amortização geramos um EBITDA de R$ 110,00 e divulgamos uma margem EBTIDA de 11%; mas se a empresa necessitou de efetuar um Investimento (no seu capital de giro + imobilizado) no valor de R$ 2.000,00 temos um rentabilidade de apenas 5,5%. E neste exemplo, se a empresa efetuou uma captação do mercado a uma taxa de 10% ao ano, a alavancagem financeira será NEGATIVA.
Temos observado que alguns colegas de profissão utilizam o EBTIDA para definir o valor de uma empresa; em seus conceitos da aplicabilidade dos “múltiplos EBITDA”, e numa visão de que quando o mercado encontra-se em plena produção o múltiplo pode ser 10, e em situações de recessão da economia se reduz a 7, podendo chegar a 5. Assim o valor de uma empresa na utilização do múltiplo 10, resulta em R$ 1.100,00 numa geração de EBTIDA de R$ 110,00.
A nossa reflexão, conforme artigos apresentados por estudiosos no assunto de avaliação é que a semelhança de uma empresa não é decorrente do produto em que ela vende ou da sua margem operacional atrelada a um fator múltiplo; mas sim ao seu fator de risco (o beta) decorrente da sua estrutura de capital, sua taxa de sua potencialidade de geração de caixa operacional, sua taxa de crescimento e sua disciplina financeira no seu índice de distribuição de dividendos (payout).
Ao avaliarmos o índice payout numa visão crítica ele simplesmente captura todos os demais indicadores anteriormente relacionados e numa visão crítica podemos iniciar um processo mais seguro e transparente de avaliação de uma empresa em que o modelo de Gordon; como um dos precursores ao processo de avaliação defendeu a tese do DDM (dividend discount model).
Como o EBITDA considera o resultado de uma empresa antes da depreciação, amortização e do resultado financeiro e dos impostos dos ativos operacionais, é comum na ansiedade da condução dos negócios os empreendedores esquecerem momentaneamente a estrutura de capital de uma empresa (principalmente os passivos onerosos) e também a necessidade de reinvestimento dos desgastes dos ativos operacionais e os riscos associados na reposição destes investimentos.
Não desmerecendo o tal famoso EBITDA; mas de apenas em refletirmos os seus riscos e benefícios na utilização deste indicador da gestão empresarial.
Um bom estudo e reflexão e críticas ou contribuições nos encaminhe um e-mail: awander@gecompany.com.br
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Prof. Alexandre Wander